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De certa forma, pode-se dizer que a literatura é motivada pelo medo ancestral de esquecer, recuperando na arte da palavra um modo de ser feliz.
Por toda essa sua capacidade inventiva, a arte literária é sempre ficção no sentido de realidade imaginada e criada pela palavra, sem necessariamente precisar ser comprovada com o real. Entretanto, por mais alegórico, fantasioso, absurdo que seja um conto, um poema ou uma novela, o texto literário mantém estreitos vínculos com a realidade humana e só o ser humano em sua existência real é seu foco de interesse e de atenção. Este talvez seja o traço mais generosamente humano da literatura e a sua própria razão de existir – expressar em profundidade a dor e a alegria, a luta e a desistência, o amor e o desencontro, a morte e o retorno, o misterioso e o prosaico, o desejo e a frustração, a liberdade e a descoberta, a fome e os excessos, a persistência e a fuga, a imobilidade e a peregrinação, contribuindo assim para a formação ética, estética e histórica de homens e mulheres em permanente processo de descoberta e revelação. Outra característica geral da arte literária é sua extrema expressividade ao revelar a vida, por mais conhecida que seja, com olhos de primeira vez. Por isso, o traço mais político da literatura é fazer acordar e aguçar nas pessoas o sentido da revelação. Quando se lêem versos de Camões como “Amor é fogo que arde sem se ver/ É ferida que dói e não se sente”, por mais que se conheça a experiência amorosa, é como viver o amor pela primeira e única vez. Ao contrário de definir a vida de forma acabada ou utilitária, a literatura oferece a vida como linguagem múltipla e carregada de significações. Em síntese, a literatura sempre diz mais, por meio da poesia, das narrativas, do cordel e do gênero epistolar que, por vezes, eleva a correspondência entre duas
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